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Cinismo x Ceticismo: ainda há pessoas boas no mundo

  • Foto do escritor: Clarissa Santos
    Clarissa Santos
  • 1 de out. de 2024
  • 2 min de leitura

uma mão segurando uma ferradura

Esses dias estava ouvindo o podcast The Happiest Lab sobre como temos a impressão equivocada de que vivemos num dos piores, senão o pior, momento do mundo. Violências, guerras, abusos, machismo, homofobia, racismo e intolerâncias de todos os tipos são motivos pelos quais muitos perderam a fé na humanidade.


De fato, vivemos num período onde a maldade parece estar em todo lugar. Não confiamos mais os nossos filhos a ninguém, não interagimos com vizinhos, não cumprimentamos estranhos. Por quê?


Existe uma lente de aumento que maximaliza as notícias ruins, os acontecimentos perturbadores. Afinal, somos bombardeados diariamente com centenas de notícias negativas, aterrorizantes, que nos fazem perder a fé na humanidade.


Existe uma máxima no jornalismo que diz o seguinte: "todo dia um cachorro morde um homem. Isso não é notícia. No dia que um homem morder um cachorro, ai sim você tem o que noticiar". Isto é, ninguém está interessado em saber sobre coisas cotidianas, sobre pequenas ações. Mas a miséria, a crueldade, o pavor e a alienação vendem. São assuntos que nos chamam a atenção, que nos fisgam de alguma forma, seja por experimentar uma certa sensação de segurança "Ufa, isso aconteceu, mas não comigo" ou por um gozo perverso. Será mesmo?


uma chave em cima de uma palma de mão aberta

O psicólogo Jamil Zaki, pesquisador sobre comportamento humano da Universidade de Stanford, apresenta no seu livro "Hope for Cyniscs: The Surprise Science of Human Goodness" (ainda sem tradução para o português) uma perspectiva diferente. Nele, o autor apresenta a ideia de que essa visão cínica de mundo, mesmo que pareça correta, é prejudicial a nível individual e coletivo. Isso porque o cinismo, a desconfiança de tudo e de todos, pode até evitar que a pessoa se machuque ou se decepcione, mas também a impossibilita de experienciar como as relações sociais podem ser cheias de afeto, confiança e cuidado.


O pensamento cínico não é de todo prejudicial. Jamil afirma que a nível de sobrevivência da espécie ele foi importante já que pessoas mais ligadas nas ameaças do ambiente tendem a ter mais chances de sobreviver. Mas se você não é capaz de confiar, como relaxar? Como se permitir experienciar momentos de lazer, paz e afeto? Cínicos tendem a viver menos, ter mais problemas de saúde e depressão.


Em contrapartida, ele sugere que o comportamento adequado seria o do ceticismo, que não se trata de duvidar de tudo, pelo menos não para Jamil. De acordo com ele, o cético está aberto a novas informações, mas sempre com a criticidade em alerta. O cético tende a se informar mais, a duvidar de informações sem fontes confiáveis e a questionar tudo. O pensamento crítico é fundamental para uma visão de mundo mais cética. O pensamento científico, por exemplo, é fundamentalmente cético. Para se chegar a uma conclusão, parte-se de um questionamento que leva a uma investigação envolvendo análise de fatos e assim chega-se a um resultado.


uma mão segurando uma chave

O pensamento cético está muito próximo da esperança; mas não uma esperança inerte de que as coisas podem melhorar (como na positividade tóxica), mas uma esperança ativa de que as coisas vão melhorar. E para que melhorem, é preciso agir diretamente para se chegar a esse fim.











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