Devoradores de Estrelas - Andy Weir
- Clarissa Santos
- 19 de mar.
- 2 min de leitura

Estar rodeado de pessoas e se sentir só é bem difícil. Mas você já se imaginou literalmente sozinho? Sem nenhuma outra pessoa para conversar, se relacionar, discutir, rir, brigar… alguém para viver junto a você?
É exatamente isso que acontece com Ryland Grace, protagonista de Devoradores de Estrelas, de Andy Weir.
Existem poucas chances de algum de nós experimentar o que ele vive: nos vermos sozinhos numa nave espacial sem a chance de voltar à Terra e de viver em sociedade novamente. Para além da questão científica da história e da moral que envolve toda a situação em que o personagem se encontra, o sentimento vivido por ele é extremamente relacionável.
Vivemos no período mais conectado de toda a História da humanidade. Há 100 anos, você conheceria a sua família, seus vizinhos, talvez as pessoas com quem trabalhava e alguns amigos da igreja. Hoje, num rolar de tela, você vê e interage com dezenas de pessoas. Talvez centenas em um único dia?
O ponto é: estamos cada vez mais próximos uns dos outros graças à tecnologia. E cada vez mais distantes também. Nunca houve tantas pessoas deprimidas como agora. Crianças com ansiedade. Idosos abandonados social e emocionalmente. Nós estamos rodeados de pessoas e nunca nos sentimos tão sós.
Apesar de toda a nossa conectividade digital, parece que estamos perdendo algo essencial: a profundidade das conexões humanas. As interações superficiais nas redes sociais não substituem o conforto e a intimidade de um relacionamento real, seja com amigos, familiares ou parceiros. Falta conexão, entendimento, empatia. Falta olhar para o outro como alguém como você, não como uma massa homogênia de onde tantos outros vieram e virão.
Ryland Grace, isolado em sua nave, não tem escolha a não ser lidar com sua solidão e encontrar sentido em sua existência diante do desconhecido. Para nós, porém, a situação é diferente. Temos a oportunidade de nos reconectar, de olhar nos olhos das pessoas ao nosso redor e criar laços mais fortes e significativos.
Talvez o desafio da nossa era não seja apenas sobreviver à solidão, mas aprender a conviver conosco mesmos e com os outros de maneira mais profunda e empática. É isso que nos torna verdadeiramente humanos: a capacidade de compartilhar, compreender e nos apoiar mutuamente, mesmo nos momentos mais difíceis.
Concluindo, "Devoradores de Estrelas" não é apenas uma história de ficção científica; é também um lembrete poderoso sobre como a solidão pode moldar quem somos e como escolhemos nos conectar com o mundo à nossa volta. Que possamos aproveitar essa reflexão para construir conexões mais autênticas e superar o abismo entre estar "conectado" e realmente estar junto.
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